quarta-feira, 26 de junho de 2013

Cafés Industriais x Cafés Especiais - Parte II

            Por Otavio Linhares (Barista)

           

             Pra mim, no mercado mundial existem, basicamente, duas qualidades distintas de cafés: cafés especiais e cafés industriais (ou comerciais). Os especiais são aqueles de qualidade (infinitamente) superior que falei aqui no meu último post; os comerciais...Bom, os comerciais são um caso à parte. Eu chamo de cafés comerciais, os cafés industriais produzidos em larga escala, com baixo controle de qualidade do grão verde e, consequentemente, do grão torrado e moído.
            Seguindo a linha de falar de certificações, fui buscar na literatura existente sobre cafés comerciais as suas próprias significações.
            São três os selos desenvolvidos pela ABIC para representar seus produtos, dentro do PQC, Programa de Qualidade do Café: Tradicional, Superior, e Gourmet. O que determina a categoria dos cafés nesse programa é a nota final, numa escala de 0 a 10, obtida pelo produto: para Cafés Tradicionais, nota igual ou superior a 4,5; Cafés Superiores, nota igual ou superior a 6,0 pontos e até 7,2; e Cafés Gourmet nota igual ou superior e 7,3 até 10.

            Porém, como essas notas não trazem nenhum tipo de informação palpável ao cliente que segura um pacote de café nas mãos, abaixo seguem mais algumas informações que podem ser úteis na hora de se comprar um café.

1) O selo Tradicional, é um café que pode conter até 30% de café Robusta e apresentar 20% de defeitos PVA (pretos, verdes, ardidos);

2) O Superior, pode conter até 15% de Robusta e apresentar até 10% de defeitos PVA;

3) Já o Gourmet prevê que não haja nem grãos da espécie Robusta, nem defeitos PVA.



            Grãos pretos, verdes e ardidos, são, em suma, grãos velhos ou apodrecidos, que conferem à bebida o cheiro e o aroma desagradáveis que conhecemos dos cafés que compramos em gôndolas de supermercados. Já o Robusta, apesar de toda a pesquisa que se faz em cima dessa espécie, ainda é uma espécie de qualidade bem inferior a Arábica e, por enquanto, não temos no mercado Robustas capazes de fazer frente aos Arábicas. Assim, uma mistura de até 30% de Robusta só serve para baratear o produto e não confere qualidade alguma a ele.
            Que cada leitor tire suas próprias conclusões sobre a qualidade do café que se bebe. Eu já tenho as minhas e se alguém quiser compartilha-las entra em contato comigo por e-mail que podemos continuar essa conversa tomando uma bela xícara de café.


PARA O ALTO E AVANTE!

Otavio Linhares é Consultor de Cafés Especiais e Barista. Já conquistou vários títulos dentre eles Campeão Brasileiro de Baristas, foi ranqueado do Campeonato Mundial de Berna-Suíça e Bi-Campeão Sul-Brasileiro.
Até hoje já formou milhares de baristas no Brasil e na Colômbia e trabalha com Consultoria Técnica e Treinamento de Baristas na Rause Café e Vinho.

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